Tratamento medicamentoso
Um passo fundamental no tratamento
No dia a dia do consultório de um especialista de coluna, a dor é o principal sintoma relatado pelos pacientes. Costumo dizer que o manejo por meio de medicamentos de forma bem indicada e otimizada é a base de toda abordagem de um paciente com dores na coluna. A não inclusão desses medicamentos no tratamento pode trazer sofrimento ao paciente, indicar de forma equivocada procedimentos cirúrgicos, e se indicada a cirurgia, essa não surtir a melhora esperada.
As dores da coluna vertebral frequentemente são causadas por má postura e esforços repetitivos. Alguns remédios, como os anti-inflamatórios não esteroides, analgésicos e relaxantes musculares, podem ser indicados pelo ortopedista nos casos de dor aguda leve a moderada.
Além disso, no caso de dor crônica, existem opções de remédios que podem ser indicados pelo médico, como os antidepressivos, anticonvulsivantes ou injeções de corticóides (anti-inflamatórios esteróidais), pois ajudam a reduzir a dor e a inflamação, aliviando os sintomas sensação de rigidez nas costas, dificuldade de sentar ou andar.
O tratamento da dor lombar deve sempre ser orientado pelo ortopedista, que pode indicar o melhor remédio de forma individualizada de acordo com sua causa.
Alguns remédios que podem ser indicados pelo médico para dor na coluna são:
1. Analgésicos
Os analgésicos, como o paracetamol ou a dipirona, podem ser indicados pelo médico para a dor leve a moderada, pois agem inibindo a produção de prostaglandinas ou ciclooxigenases, que são substâncias responsáveis pela dor.
Embora sejam vendidos sem necessidade de apresentar receita médica, o ideal é que sejam tomados com indicação do médico, pois são contraindicados em determinadas patologias, como as sanguíneas e hepáticas.
2. Anti-inflamatórios não esteroides
Os anti-inflamatórios não esteroides, também conhecidos como AINES, em alguns casos podem ser uma boa opção de tratamento para a dor lombar aguda. Esses remédios, como ibuprofeno, diclofenaco e cetoprofeno por exemplo, agem reduzindo a produção de substâncias inflamatórias no corpo, como as prostaglandinas e tromboxanos, ajudando a aliviar a dor lombar. Os anti-inflamatórios não esteroides devem ser tomados com indicação médica, pois são contraindicados durante a gestação, amamentação, pacientes com problemas estomacais e nefropatas.
3. Relaxantes musculares
Os relaxantes musculares, como a ciclobenzaprina, podem ser indicados pelo médico, pois agem bloqueando os impulsos nervosos ou as sensações de dor que são enviadas ao cérebro que causam contrações, espasmos ou dor muscular. Desta forma, esses remédios promovem o relaxamento muscular e o alívio da dor lombar aguda.
Em alguns casos, os relaxantes musculares podem ser usados em associação com analgésicos, como o carisoprodol e a adifenina que são comercializados em associação à anti-inflamatórios e analgésicos. Os relaxantes musculares devem ser usados somente por adultos, sendo também orientado o acompanhamento médico no uso desses medicamentos.
4. Opióides
Os opioides como o tramadol, codeína e oxicodona, são derivados da morfina. Essa classe de medicamentos proporciona analgesia mais potente, indicados pelo médico nos casos de dor aguda, muito intensa ou que não melhora com os analgésicos comuns, devendo ser usados por um curto período. Existem ainda associações de opioides com paracetamol, como é o caso dos remédios com paracetamol + codeína e com paracetamol + tramadol. Essas associações causam um efeito sinérgico na potência do efeito analgésico de cada um dos componentes. Há também associação de opiáceos com seus antídotos, como no caso da oxicodona + naloxona. Nesse caso a intenção é manter a ação analgésica sem os efeitos colaterais associados aos opiáceos, como a dependência química, constipação intestinal e náuseas.
5. Antidepressivos e anticonvulsivantes
Em alguns casos, o médico pode receitar antidepressivos ou anticonvulsivantes, como a duloxetina e a pregabalina respectivamente, auxiliando no alívio de certos tipos de dor crônica e dor neuropática. Esses medicamentos devem ser usados somente se indicados pelo médico, visto que afetam o humor e o funcionamento do sistema nervoso central.
6. Adesivos
Em quadros de dor moderada ou intensa de caráter nociceptiva, o médico pode optar pelo uso de adesivos compostos por opiáceos de ação sistêmica, como por exemplo a buprenorfina. Nessa situação o uso contínuo do adesivo proporcionará liberação contínua de analgesia potente, reduzindo a necessidade do uso oral de medicamentos.
Nos casos de dor neuropática uma boa opção é o uso de adesivos compostos de lidocaína. Esses adesivos devem ser usados somente se indicados pelo médico, devido seus potenciais efeitos adversos.
7. Injeções
Quando a dor é muito intensa e existem sinais de inflamação e/ou compressão das raízes nervosas, causando a famigerada “coluna travada” ou “ciática”, o médico pode receitar medicamentos em forma de injeções. Nesse caso os corticoides injetáveis são o medicamento de escolha. Dentre esses medicamentos temos a dexametasona e betametasona, corticoides com rápido e duradouro efeito analgésico e anti-inflamatório. Esses corticoides podem vir em fórmulas associadas a vitaminas do complexo B. Vale lembrar que corticoides são substâncias que possuem inúmeros efeitos colaterais, dessa forma nunca podem ser administrados sem o acompanhamento de um médico.